sábado, 25 de setembro de 2010

TEXTO PARA REUNIÃO DE PAIS

Que usos sociais as crianças fazem da televisão?
por Sérgio Capparelli

A televisão, como vimos, cria um ritual dentro de casa, insere-se na rotina das atividades domésticas e intervém no horário das pessoas. Ela é um objeto doméstico como tantos outros, podendo ser um objeto doméstico de prestígio, se analógica ou digital, monitor moderno, em grandes ou pequenas dimensões. E através dela são criadas certas relações familiares, talvez inexistentes, caso não existisse.
Uma criança que chega da escola e, por algum motivo, quer se isolar, pode ligar a televisão e ficar no seu canto sem participar das relações sociais dentro da casa. Ora, sua recusa não deixa de ser um tipo específico de relação social.
Essa mesma criança chega em casa e pouco depois fala sobre algum programa de televisão, já transmitido ou ainda programado, que discutiu com seus amigos na escola. A televisão neste caso facilita a conversação.
Muitas vezes certos detalhes familiares, sobre estruturas de poder, sobre formas e posições da criança dentro da família, os diferentes interesses que dependem se de um menino ou de uma menina, tudo isso pode aflorar numa simples escolha de um programa. Muitas pesquisas tratam das preferências de ambos os sexos, geralmente vinculadas com certos modelos familiares da sociedade onde vivem.
De uma maneira geral, quando a criança vê televisão, suas escolhas são mediatizadas pela família, dependendo de sua idade. Em outras palavras, mesmo quando está sozinha vendo televisão – ao chegar da escola – a criança sabe aqueles programas a que tem acesso. Isso não quer dizer que ao fazer um zapping ou visitar outros canais, com outras escolhas. Um caminho ou outro depende do contexto familiar, como o número de pessoas que moram na mesma casa, o nível cultural da família, o horário de trabalho e até mesmo onde fica a televisão.
Essas questões de gênero, de renda ou de idade são filtros diretos dos programas de televisão. Existem também filtros ou mediações indiretos, como, por exemplo, o que os pais acham da televisão, se aprovam ou desaprovam ou se a criança vê televisão sozinha ou com alguém.
A pesquisadora Dafna Lemish escreveu um livro sobre as crianças e a televisão onde ela fala que existem dois tipos de família.
1. A família com orientação social: procura todo custo manter a harmonia, não aceita que ninguém perca a cabeça e tem como valor evitar conflitos, tudo isso centrado nos sentimentos;
2. Família com orientação problemática: vive em comunicação aberta, mesmo que cause tensões, onde os temas controversos não são deixados de lado, pois cada um dá a sua opinião.
A primeira família é centrada nos sentimentos e a segunda, nas idéias, diz Lemish, e a. a primeira família prefere geralmente programas de entretenimento e a segunda, noticiosos e documentários. A autora inclusive apresenta algumas situações para identificar essas famílias:
- Meu filho é livre de acender a televisão sem me pedir;
-Nossa família assiste junto a muitos tipos de programas;
-Convido meu filho para ver comigo muitos tipos de programas;
-Encorajo meu filho a ver televisão em determinadas horas do dia;
-Ponho limites sobre o tempo que meu filho pode passar diante da televisão;
-Proíbo meu filho de ver certos programas de televisão;
-Meu filho e eu estamos em desacordo sobre as regras da televisão aqui em casa;
-Meu filho e eu falamos de programas específicos de televisão;
-Meu filho me pede que lhe explique o conteúdo de alguns programas de televisão.

Essas situações mostram diversos tipos de relações dos pais com as crianças quanto o assunto é a televisão. Eles podem encorajar ou desencorajar as crianças diante de algum programa. Ter uma atitude positiva em relação à televisão e, a partir dessa posição, procurar tirar proveito daquilo que acredita ser bom na televisão, chamando sua atenção para programas que acredita valerem a pena serem vistos. Eles podem supervisionar, coibir ou indicar comportamentos diante desse meio de comunicação.

13/06/2008 17:26

Um comentário:

  1. Professoras Simone e Véra
    Pararabéns pelo blog está muito bom muito educativo.
    Beijos
    Henrique e Gabriel. turma:52 :)

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